Quando Me Perdi na Trilha e Me Encontrei por Dentro!

Todo mundo que faz trilhas com frequência já viveu um momento de incerteza: aquele instante em que você para, olha em volta, e percebe que talvez tenha saído do caminho. Foi o que aconteceu comigo — e o que parecia um erro virou uma das experiências mais transformadoras da minha vida.

Este é um relato sobre perder-se — no mato e em si mesmo — e encontrar forças que você nem sabia que tinha. Uma história real que fala sobre medo, confiança, superação e reconexão com o seu eu mais profundo.


O começo da trilha (e da confiança)

Era um sábado qualquer. Eu precisava de um tempo pra mim, um tempo pra pensar. Escolhi uma trilha de média dificuldade numa serra próxima da cidade. Já tinha lido sobre ela em blogs, vi mapas, baixei o trajeto no GPS. Me sentia seguro. E, de certa forma, queria mesmo me desconectar do mundo por algumas horas.

Os primeiros quilômetros passaram como sempre: paisagens bonitas, corpo aquecendo, respiração encaixando. Eu me sentia em paz. Até que, em um ponto com uma bifurcação pouco sinalizada, segui por onde achei que era o certo. Mas não era.


O momento do susto

Após 30 minutos sem ver nenhuma marcação, comecei a suspeitar. Parei, olhei o mapa offline… nada batia. A trilha estava fechada, mal cuidada. E aí veio aquele frio na barriga: “me perdi?”

Tentei voltar, mas os caminhos pareciam iguais. A mente acelerou. O medo apareceu. As perguntas surgiram em bloco:
“Será que alguém vai passar por aqui?”
“Será que anoitece antes de eu sair?”
“E se acabar minha água?”
“E se eu tiver feito besteira em vir sozinho?”


Parar. Respirar. Sentir.

A primeira lição que aprendi ali foi simples, mas poderosa: não adianta correr quando se está perdido — é preciso parar. Sentei, bebi água, respirei fundo. O pânico só cresce no caos. E foi nesse momento que comecei a ouvir de novo: o som da mata, dos pássaros, do vento. Aos poucos, o mundo interno começou a desacelerar.

Percebi que eu ainda tinha recursos. Comida, água, bateria. Ainda havia luz do dia. E mais importante: eu tinha a mim mesmo. Minha mente, meu corpo, minha coragem.


A floresta te devolve o que a cidade te tirou

Na cidade, tudo é pressa. Na floresta, tudo é presença. Na cidade, você corre o tempo todo. Na trilha, você se encontra quando para de correr.

Ali, sozinho, sem sinal de celular, me dei conta de uma coisa: o medo de se perder é, muitas vezes, o medo de não saber quem você é sem o controle. Mas é justamente nesses momentos que descobrimos quem somos de verdade.


Como reencontrei o caminho (e a mim mesmo)

Depois de respirar, observar e lembrar do meu preparo, peguei o rumo inverso com calma. Observei galhos quebrados, marcas de passos, segui um córrego até reencontrar a trilha original. Levei cerca de 1 hora. Mas voltei diferente.

Voltei com uma sensação nova: autoconfiança. Eu não sabia exatamente onde estava, mas soube como lidar. Não entrei em pânico. Usei o que tinha. E isso vale pra muito mais do que trilhas.


Problema resolvido: o medo de errar, de se perder, de ficar sem direção

Vivemos tentando controlar tudo — trabalho, sentimentos, futuro. Mas, às vezes, a melhor forma de se encontrar é justamente se perder. É sair da rota, lidar com o medo, improvisar, reaprender.

A autoconfiança na trilha não vem de nunca errar. Ela nasce do momento em que você se perde… e escolhe continuar com calma.


Dicas práticas para quem quer trilhar com mais confiança

1. Esteja preparado, mas aceite o imprevisível

Leve mapa, GPS offline, comida e água. Mas saiba: imprevistos vão acontecer. O segredo é como você lida com eles.

2. Confie na sua intuição

Na floresta, seus sentidos ficam mais aguçados. Confie no que sente — muitas vezes o corpo percebe antes da mente.

3. Medo é normal — pânico não precisa ser

Medo nos mantém alerta. Pânico nos paralisa. Respire, pare, observe. Isso muda tudo.

4. Errar o caminho não é fracasso

Todo mundo já se perdeu em algum momento — na trilha e na vida. O importante é como você volta. E o que você aprende no processo.


Curiosidade: se perder na trilha é mais comum do que você imagina

  • Estima-se que mais de 60% dos resgates em parques naturais são causados por trilheiros que se desviam de rotas marcadas.
  • O número de trilheiros solo cresce a cada ano — e com ele, cresce também a importância da autossuficiência emocional e não apenas técnica.
  • Estar preparado emocionalmente para lidar com momentos de incerteza é hoje uma das competências mais valorizadas por guias experientes.

Conclusão: às vezes, é no erro que a gente se acerta

A floresta não fala, mas ensina. E, naquele dia, ela me ensinou que perder-se faz parte. Que caminhar sem saber exatamente onde está pode te mostrar exatamente quem você é. E que a confiança que vale mesmo não é a de saber tudo, mas a de continuar mesmo quando não sabe.

Se você está se sentindo perdido — na trilha ou na vida — lembre-se: é só mais uma curva. Respire. Você vai encontrar o caminho. E, quem sabe, vai encontrar algo muito maior que ele: você mesmo.

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